Se bem me lembro
A vida era eterna
Até ao dia em que caí
Defronte do colo do meu próprio colo
E me ajoelhei aos pés
Dos meus próprios joelhos.
Achei-me a corar.
Insultei-me nos becos.
Enxuguei-me na lama.
Provei a mim mesmo
Que tenho sonhado.
Depois, sentei-me à sombra
De uma lâmina de flores espúrias
Que há por baixo da sombra
De outra lâmina de flores lamúrias
E pensei:
"Sagrado é o caos do espírito.
Não vou falar com Deus."
Paulo Anes
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25/05/2016
Silogismo
Deus morreu - disse Nietztche
Nietzche morreu - disse Deus
A vida já não causa espanto - dizem eles
Se precisares de mim, conta contigo - dizes tu
Nasci num berçário de mestres
Embutidos num fundo sem fundo - digo eu
Paulo Anes
Nietzche morreu - disse Deus
A vida já não causa espanto - dizem eles
Se precisares de mim, conta contigo - dizes tu
Nasci num berçário de mestres
Embutidos num fundo sem fundo - digo eu
Paulo Anes
20/05/2016
Na noite comovente
Na noite comovente
Pungente de sentimentos,
Numa esquina ali ao pé;
Alada ponta crescente;
Um velho amigo
Que não sei descrever quem é
Disse para comigo:
"- A mente está a mudar,
Muda lentamente;
E mente...
Espero que o corpo aguente."
Revirado para o céu
Como bom e santo ateu
Disse para comigo também
O tal amigo que não sei quem:
"- O passado
É tão presente como o futuro;
Incomoda-me como andar de lado,
À beira de um sussurro."
Disse-mo assim
Que não sei descrever como é.
E não sei porquê
Disse-lhe que sim...
Na verdade
É de mim
Que me lembro com saudade.
Paulo Anes
Pungente de sentimentos,
Numa esquina ali ao pé;
Alada ponta crescente;
Um velho amigo
Que não sei descrever quem é
Disse para comigo:
"- A mente está a mudar,
Muda lentamente;
E mente...
Espero que o corpo aguente."
Revirado para o céu
Como bom e santo ateu
Disse para comigo também
O tal amigo que não sei quem:
"- O passado
É tão presente como o futuro;
Incomoda-me como andar de lado,
À beira de um sussurro."
Disse-mo assim
Que não sei descrever como é.
E não sei porquê
Disse-lhe que sim...
Na verdade
É de mim
Que me lembro com saudade.
Paulo Anes
14/05/2016
Ao nascer do cais
Resolvi amar uma estrela,
Viver o fado
Apenas por vir vê-la.
Vi, vi
E sem crer toquei
E sem querer abriste
E não era eu
Eras só e triste.
Paulo Anes
Viver o fado
Apenas por vir vê-la.
Vi, vi
E sem crer toquei
E sem querer abriste
E não era eu
Eras só e triste.
Paulo Anes
06/05/2016
Amores ilícitos de uma máquina de costura com um relógio de pulso abstracto
Não sei que horas são
Só sei que estou há horas
Sem saber que horas são.
Paulo Anes
Só sei que estou há horas
Sem saber que horas são.
Paulo Anes
02/05/2016
As ruas onde sou
As ruas onde sou vento
Têm chuva aberta, rasante,
Anticiclones ébrios de riso,
Fúrias de cores sem juízo.
Anticiclones ébrios de riso,
Fúrias de cores sem juízo.
As ruas onde me lamento
Passeiam nas minhas janelas
E choram quando sustento
Passeiam nas minhas janelas
E choram quando sustento
As varandas que não são delas.
Paulo Anes
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