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24/12/2018

Olha para o céu

Olha para o céu.
Olha pelos olhos das estrelas.
Vês?
Não se pode amar 
Senão a liberdade.


Paulo Anes

30/11/2018

Conversaremos durante a viagem


E se fossemos a sumir
Remar onde fingimos?
E se fossemos abrir
rasgar o que embrulhámos?

Se fossemos a mar?
Dizer a Deus?
Regar o que amamos?

Se fossemos, vamos.
Conversaremos durante a viagem.



Paulo Anes

29/11/2018

Epifânia

Ó que eu sou tudo,
Sou português.
Um quarto no céu
Um quarto no inferno
Uma água-furtada no definitivo talvez.


Paulo Anes

08/11/2018

Uma cegueira cega de rachar.


Vejo o mapa do mundo 
Saciado de potências impotentes. 
O que resta do desencanto ? 
Orgulhosos da nulidade.
Mortos salgadas por quase vivos.
Liberdades em lugares cativos
Cegueiras cegas de rachar.
E uma ilha exilada de amores por vindimar.

Paulo Anes

31/05/2018

Com olhos ceguinhos de chorar

E se um dia
O dia fosse dia?
E se um dia
O mundo voltar?
Ah...
Nesse dia
Estarei por cá
Só para o amar.
Até lá
Atavio-me
Com olhos ceguinhos de chorar

Como quem brinca


A visão corrente do dia que volta
Empresta-me a certeza interna e brusca
Que me arrasta na face do momento
Como quem brinca com uma sombra
À espera que a tristeza passe.

Paulo Anes

Paisagem sem trela

Estou com aquela 
Meia sensação de intervalo.
Não é disforme nem bela,
Apenas harpa de ânsia doida
Brisa que rasga 
A tela selvagem; 
Procela 
A cavalo
Na paisagem sem trela

Paulo Anes

04/03/2018

Amo-te

Não me interessa saber o teu nome
Interessa o que  tenho para te dizer.

Paulo Anes

17/02/2018

Fuga em dor maior

Apaixonar-me 
P'la dor no Bojador
Apaixonar-me 
P'lo Preste João
Apaixonar-me
P'lo Magalhães no estreito,
Apaixonar-me 
P'lo fim e ao cabo
Apaixonar-me 
P'lo Cabo das Tormentas,
Apaixonar-me 
P'la alcoviteira louca
Apaixonar-me 
E morrer na minha boca. 



Paulo Anes

18/01/2018

Não tomar chá pela vida

Paisagns emparedadas
Primas dos perdidos
Fadas atiçadas
Toques de Midas
Jardineiros falidos
Colhidos no camarim
Prenunciando todo o vigor do Clarim.

Amén.


Paulo Anes

13/01/2018

Mãe


És o pão do dia, a noite preferida,
Chama que dá chama ao fogo,
Lugar do porto, partida,
Pandora aberta à esperança 

És intuição de paz   
Nos sinclinais da impiedade

E nesse dom aveludado, 
De intensidade voraz, 
Quebro a tensão da minha alma no teu colo 
E ronrono réus reabsolvidos 
Ao ritmo que tu sabes. 

E tudo são verdades...



Paulo Anes