Sem o pássaro das ilusões Que te resta? Estações atrás de estações?... Que esperas? Que todas as estações Sejam primaveras? Procura o descobridor, Alma filha das utopias, O destino está para além da dor Que encima as estações frias.
Macularam o altar primordial Imaculadamente devastado. Decaiu o espírito p'ra um lado, Coleou o corpo p'ró outro.
Hígidos por fora, Insalubres por dentro, Com um retábulo-doma ao centro, Títeres sacerdotes engrolam Louvores e hossanas às vitimas Que eles próprios degolam. Escravo jungido ao horror Verguei os joelhos Transido p'los céus criadores da guerra: "Não a mim, não a mim, tudo a ti Senhor." E caí p'la Terra. Paulo Anes
Estranhamente aí A minha pátria é aqui De quem vem lá E atravessa Os gemidos da gente Numa travessa alumiada De contente.. Alanceada a travessa A travessa atravessa À luz do que apetece O que lhe apeteça. Pareça ou não pareça Estranhamente aí A minha pátria é aqui.