Há lá em Belém Orixás boiando em luas, Caboclas por todo o lado, Forró, xote, xaxado Corpos Cadência de corpos Cadência de coqueiros em folhas de corpos Putas Cadência de putas Traficantes, pistoleiros p’rá troca Alodiais d’ouro, melopeias de coca Remoinha... Remoinha a cachoeira.
Onças, gaviões, guaribas, araras Cascatam refegos Em homens desmatados. Courelas de tochas No mormaço húmido. Redes de pés na merda Envilecidos p’la fusão De vidas nulas arrancadas Ao coração do coração.
Há lá em Belém Um menino que nasceu Tronco nu a ser piroga. Poiso a cabeça Colo no menino E o correr da brisa sem pressa Deixou-me quentinho. Deu-me presentes p'rá amanhã Carradas de fome por pagar Escalvados gemidos de indigentes E facadas à distância Da dança que há lá Inspirada no rapé Preparado p’lo Pajé Que comeu a mãe do sol Miriti e coquinho.
Há lá em Belém
Caboclos que dão à maconha
O poder de enterrar as cinzas
Na gramática
Há samba, carimbô, baião,
Forró, xote, xaxado
Pé na terra
Sem terra, embriagado
E p'lo não
Deuses ao ritmo das musas miragens
Nas sobras do pão .
Aqui e ali há urucum
Do rosto da moça no rosto do moço.
O sol bate o bosque em cima dela.
(O sol não bate, nem é bosque... é só ela.)
Remoinha,
Remoinha a cachoeira
Em Belém
O menino que nasceu.
Ainda não veio.
Será que vem?
Sem Saber Ser Ver Ter Mi, Au, Ré, Dó Vómitos do gato Flatulências da vóvó... Que importa o que sabeis? Os vossos lençóis de linho Apertam-me no colarinho... São cruéis. E se ainda estiverem por cá... Blá, blá, Blá, blá, Blá, blá...