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26/10/2016

Era com certeza um dia

Eram coisas, muitas coisas,
A desaguar cólera nos meninos
Que andavam às cavalitas 
Da aldeia dessas coisas.

"Faz frio!..."- gritavam
À cólera perguntavam:
"Somos coisas? Cavalitas? Somos gente?..."
Matutavam, refutavam, escutavam.
Sequer eco, sequer pio.
Apenas o leite de uma mãe quimera.
Apenas o frio.

Era com certeza um dia.
Sei-o porque sofria
(Se sofro por dentro,


Por fora há um dia)

E tudo espasmos,
Teoremas sem teor,
Gotas de ossos,
Profetas sonsos
Dentadas de olhos lassos
Salgados na visão dos cansaços...

Coisas, coisas, muitas coisas...
Miradouros das vidas que dormem
Na loucura daquilo que se espera das coisas
E não do Homem.




Paulo Anes








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