Sê igual a ti próprio,
Sê incerto a ti próprio,
Sê perante ti próprio,
Sê piada de ti próprio.
Sê Deus omniausente
Omnipresente a ti próprio.
Paulo Anes
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29/04/2016
25/04/2016
Poema apaixonado por um deus inacabado
Porque é que eu não penso no inevitável
como algo a evitar?
Paulo Anes
como algo a evitar?
Paulo Anes
23/04/2016
Aqui me tens nos olhos tristes
Chove
chove sempre
e eu
com o nó górdio
na garganta
o nó cego
na gravata
o nó da gravata
na testa
o nó da garganta
na alma.
Chove
chove sempre
e eu sem ti
e sem calma.
e eu sem ti
e sem calma.
Paulo Anes
19/04/2016
Ao por do Caos
Cabeceiras dentadas
nos braços da cómoda
nos braços da cómoda
dos barcos quentinhos
sem trigo
sem trigo
sem eira
sem joio
sem joio
sem beira
sem hora marcada
sem hora marcada
nem amada a dias
nem não sei quê
que se está mesmo a ver
que se não vê daqui.
que se não vê daqui.
Paulo Anes
17/04/2016
10/04/2016
Ode à Esperança
Cai a luz do oriente
No tampo da mesa.
No tampo da mesa.
E a estrela, aquela estrela,
Sabe-se lá quando foi presente,
Supernova quando for
Ode em plena dor
A florir no ocidente.
(Vergonha do olhar baço
No olhar da morta gente.)
Lá longe ao perto
A alma embarca na nau que seja.
A alma embarca na nau que seja.
Ignoto Deo.
A turba não vê. Inveja.
Emborca latidos num véu;
Pedradas no sino da igreja.
Mas a velha cega, rouca,
Cortejada pela impotência
Lê que o tolo é a ciência
A sumir céus que o sábio vê.
(Virgem louca a velha é
Como um deus a ser de esguelha.)
(Virgem louca a velha é
Como um deus a ser de esguelha.)
Cega, louca, rouca ou velha,
Sigo-a sempre de mãos cardadas
E mesmo que a não veja
E mesmo que a não veja
Invejo o latir das pedradas
No sino daquela igreja.
No sino daquela igreja.
Paulo Anes
06/04/2016
Poema integral com dois ovos escalfados em tentativa desesperada para dizer amo-te
Se soubesses o que eu sei
Se sonhasses no meu sonho
Sofrias o meu passo
Sabias no que eu minto
Sentias o que eu faço
Serias o que eu sinto...
...e eu também.
Paulo Anes
Se sonhasses no meu sonho
Sofrias o meu passo
Sabias no que eu minto
Sentias o que eu faço
Serias o que eu sinto...
...e eu também.
Paulo Anes
01/04/2016
Nos dias à dor
Nos dias à dor
A maré repassa
E não há maré
O vento não passa
O caminho não é.
E não há maré
O vento não passa
O caminho não é.
Conto os dias à dor
pelos dedos
Ao ponto de os ter mais que os medos.
E as palavras têm dó de mim
E de Deus a enlouquecer.
Ao ponto de os ter mais que os medos.
E as palavras têm dó de mim
E de Deus a enlouquecer.
Que se há-de fazer?
Se ouço o lamuriar da
terra
Ou o grito da esperança ecoado na merda…
Que importa?
Nos dias à dor
A dor é a porta.
Que importa?
Nos dias à dor
A dor é a porta.
Paulo Anes
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