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10/04/2016

Ode à Esperança

Cai a luz do oriente 
No tampo da mesa.
E a estrela, aquela estrela,
Sabe-se lá quando foi presente,
Supernova quando for
Ode em plena dor
A florir no ocidente.

(Vergonha do olhar baço
No olhar da morta gente.)

Lá longe ao perto
A alma embarca na nau que seja.
Ignoto Deo.
A turba não vê. Inveja.
Emborca latidos num véu;
Pedradas no sino da igreja.

Mas a velha cega, rouca,
Cortejada pela impotência
Lê que o tolo é a ciência
A sumir céus que o sábio vê.

(Virgem louca a velha é
Como um deus a ser de esguelha.)

Cega, louca, rouca ou velha,
Sigo-a sempre de mãos cardadas
E mesmo que a não veja
Invejo o latir das pedradas 
No sino daquela igreja.


Paulo Anes

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