Cai a luz do oriente
No tampo da mesa.
No tampo da mesa.
E a estrela, aquela estrela,
Sabe-se lá quando foi presente,
Supernova quando for
Ode em plena dor
A florir no ocidente.
(Vergonha do olhar baço
No olhar da morta gente.)
Lá longe ao perto
A alma embarca na nau que seja.
A alma embarca na nau que seja.
Ignoto Deo.
A turba não vê. Inveja.
Emborca latidos num véu;
Pedradas no sino da igreja.
Mas a velha cega, rouca,
Cortejada pela impotência
Lê que o tolo é a ciência
A sumir céus que o sábio vê.
(Virgem louca a velha é
Como um deus a ser de esguelha.)
(Virgem louca a velha é
Como um deus a ser de esguelha.)
Cega, louca, rouca ou velha,
Sigo-a sempre de mãos cardadas
E mesmo que a não veja
E mesmo que a não veja
Invejo o latir das pedradas
No sino daquela igreja.
No sino daquela igreja.
Paulo Anes
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