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31/07/2017

No Barrocal da minha infância


No Barrocal 
Da minha infância
O Douro imperial
Fecundo lá ao fundo
Acoitava de paixão e abundância
A Barragem menina
(Que o animava e anima)
Reclamando ecos de amor profundo
P'las longas arribas acima.

Deus e o Diabo?
Era igual.

Nos céus reinavam o grifo
O falcão-peregrino, 
A águia-real.
Na terra... 
Ora a igreja, 
Ora a sacristia
Ora a missa que o padre Pinto dizia
Ora a Biblia esculpida
Nas escarpas abruptas, 
Dos morros excessivos.
(Isto, claro, nos meus sentidos)

O Orlando estudava
O Adelino corria
O Morais orientava
E a Alda Maria
O colo cheio de graça 
Que tão bem sabia.

Crianças da minha idade 
Não sei se havia.
Era o Lázaro de regresso à vida
Na loucura enternecida do dia a dia
Era não haver o que não havia
Como, por exemplo, a palavra saudade...

E era tudo tão verdade.

Paulo Anes

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