O hálito empestado da
vaidade,
Os carris da modernidade antiga,
A fadiga,
A poupança compulsiva
da verdade,
O “pronto está bem
assim”
A cobardia de viver amanhã
Sempre amanhã
"Qu'isto hoje não está p'ra mim"
A cobardia de viver amanhã
Sempre amanhã
"Qu'isto hoje não está p'ra mim"
A impotente esperança
sem cor,
Nem pudor.
O medo que o futuro traz
Apegado
Ao passado
Invulnerável, mas incapaz.
Nem pudor.
O medo que o futuro traz
Apegado
Ao passado
Invulnerável, mas incapaz.
E o sofrimento bolsado,
Insaciável, insaciado,
Insaciável, insaciado,
Baleado
De trás para a frente
Da frente para trás
P’la gente que não leva
P’la gente que não leva
Da gente que não traz?
E no meio do que fala
Em tudo isto
O que é que se faz?
Que é da vida?
Em tudo isto
O que é que se faz?
Que é da vida?
Aqueço um
cigarro,
Acendo o céu da
boca.
A vida, essa?!...
A vida, essa?!...
Ah!... Continua sempre
pouca.
Paulo Anes
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