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11/09/2015

Absinto muito


O hálito empestado da vaidade,
Os carris da modernidade antiga,
A fadiga,
A poupança compulsiva da verdade,

O “pronto está bem assim”
A cobardia de viver amanhã
Sempre amanhã
"Qu'isto hoje não está p'ra mim"

A impotente esperança sem cor,
Nem pudor.
O medo que o futuro traz
Apegado
Ao passado
Invulnerável, mas incapaz.

E o sofrimento bolsado,
Insaciável, insaciado,
Baleado
De trás para a frente
Da frente para trás
P’la gente que não leva
Da gente que não traz?

E no meio do que fala
Em tudo isto
O que é que se faz?
Que é da vida?

Aqueço um cigarro, 
Acendo o céu da boca.
A vida, essa?!...
Ah!... Continua sempre pouca. 

Paulo Anes

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